A produção profissional de hortaliças no Brasil, especialmente quando contextualizado dentro de condições edafoclimáticas, mercadológicas e de doenças e pragas tão desafiantes quanto às encontradas de norte a sul do país, reflete um estado de arte no segmento, gerando emprego e riqueza por meio de produtividades elevadíssimas por metro quadrado de terra, contribuindo com a segurança econômica, social e alimentar do país.
Excetuando-se as espécies de propagação vegetativa e algumas espécies como leguminosas, certas raízes e bulbos e determinadas cucurbitáceas, a grande maioria das hortaliças propagadas por sementes é dependente de uma prática extremamente benéfica e altamente dependente de tecnologia e de padrões rigorosos de sanidade e de manejo: a produção de mudas em viveiros.
Os benefícios da produção de mudas não se limitam apenas ao tempo em que o agricultor economiza ou à melhor eficiência na taxa de ocupação efetiva da área, mas trazem enormes contribuições ao sistema produtivo, como plântulas mais sadias e uniformes, que conduzem à produções mais estáveis e dentro do cronograma produtivo e de comercialização do agricultor.
Além disso, quando realizado em viveiros profissionais, poupa o agricultor de uma etapa bastante preocupante e onerosa que é a produção de mudas de qualidade, uma área de atuação que, felizmente, já conta com viveiristas profissionais dedicados exclusivamente ao assunto.
Dentro desta realidade, não é exagero afirmar que há uma correlação direta de causa e consequência entre mudas e produção.
Assim, produtividades elevadas e de alta qualidade refletem fundamentalmente uma alta qualidade das mudas adotadas, ao passo que o inverso também é tristemente verdadeiro.
Mudas de baixíssima qualidade fisiológica, nutricional e fitossanitária encerram a premissa de fracassos na produção. Como nos ensina o adágio popular, “começou errado, termina errado”.
Viveiristas que adotam altos padrões de qualidade, cientes desta enorme responsabilidade, seguem alguns passos cruciais para a formação e o estabelecimento de plântulas de alto valor agregado e em conformidade com os mais altos padrões de qualidade, que são basicamente:
- Utilização de sementes certificadas e de origem conhecida. Evitar envelopes abertos e sem identificação é uma medida fundamental que visa a exclusão do inóculo inicial de doenças e misturas varietais ou contaminantes.
- Manter um sistema de rastreabilidade de lotes de mudas.
- Rigor elevado em relação à matérias-primas, qualidade dos substratos e qualidade da água de irrigação, especialmente no que diz respeito ao seu teor salino e acidez.
- Adoção de um sistema racional de manejo fitossanitário e nutricional das mudas.
- Respeito aos estágios fenológicos das plântulas. Manter mudas além do período ideal de transplante é, acima de tudo, um desserviço, ainda que com boas intenções.
- Estabelecimento de advertências e barreiras que impeçam a entrada de pessoas não relacionadas ao sistema de produção de mudas e de animais ou crianças.
Por Jorge Hasegawa – Desenvolvimento Tecnológico da Seminis