• A demanda de nutrientes é influenciada por fatores como cultivares e condições de clima e de solo.
• O conhecimento da demanda versus as quantidades disponíveis no solo, permitem estimar a necessidade de fertilizações.
• O entendimento do padrão de absorção ao longo do ciclo é importante para a proposição do manejo correto e alcance da maior produtividade.
A curva de absorção
A demanda de nutrientes é influenciada por fatores como cultivares e condições de clima e solo onde as plantas são cultivadas. Este Manejo em Foco tem como objetivo expor o trabalho realizado para quantificar a extração (demanda) de nutrientes nas condições de campo. É importante o conhecimento da demanda, que confrontada com as quantidades disponíveis no solo permitem estimar a necessidade ou não de fertilizações.
Além da demanda, conhecer a curva de absorção é importante. Isso porque a curva de absorção permite ao agricultor/técnico escolher a melhor época e doses dos fertilizantes a serem aplicados. Assim, são aplicadas doses condizentes com a extração da cultura em determinado intervalo de tempo, minimizando perdas no sistema soloplanta-atmosfera e desequilíbrios iônicos no solo. O entendimento do padrão de absorção ao longo do ciclo dos nutrientes por novas cultivares é importante para a proposição do melhor manejo da adubação e alcance da maior produtividade.
Metodologia
A variedade SV7390DT foi semeada em 19/12/2018 e colhida em 26/03/2019. O semeio foi realizado de com layout de quatro fileiras duplas por canteiro de 1,75 metros de largura. A cultura ficou com população final de 529 mil plantas por hectare.
As amostragens foram realizadas em área de cultivo da Estação Experimental do Instituto de Pesquisa Agrícola do Cerrado (IPACER) no município de Rio Paranaíba – MG, com altitude de 1.050 m, e na colheita classificadas de acordo com o comprimento das raízes: < 14 cm; 14 a 18 cm; 18 a 22 cm; > 22 cm e descarte - raízes com defeitos.
A extração de nutrientes foi determinada pelo produto entre a produção de matéria seca e os teores dos nutrientes no tecido vegetal. As curvas de absorção foram geradas plotando-se a extração de nutrientes pela parte aérea, raiz e total da cultura em cada época de amostragem em função do estádio fenológico, para cada nutriente.
Resultados e observações
A cenoura SV7390DT atingiu 59,8 t/ha (2.062 caixas de 29 Kg/ha), com 96,8% de raízes comerciais (Tabela 1). A maior percentagem de raízes ocorreu nas classes de maior valor comercial.
O acúmulo de nutrientes foi associado ao teor de matéria seca, e se intensificou a partir do terço final do ciclo onde houve maior crescimento radicular. O acúmulo de matéria seca nas raízes se intensificou a partir de 57 DAS e influi no acúmulo dos nutrientes que são particionados preferencialmente para as raízes.
A relação N:K2O para a cenoura híbrida SV7390DT foi de 1:2,10, e as extrações relativas de N, P2O5 e K2O (kg de nutriente por tonelada produzida de cenoura) foram 3,42; 1,46 e 7,17 kg/tonelada, respectivamente.
O respeito à relação entre N e K é fundamental, demonstrando a importância do potássio no acúmulo de fotoassimilados nas raízes. A inobservância desta relação pode levar a raiz a ficar curta, uma vez que uma alta quantidade de N pode fazer com que a parte aérea fique com alto vigor vegetativo e as raízes não se desenvolvam suficiente prejudicando a produtividade comercial.
Os nutrientes pouco móveis, como P, Cu e Zn devem ser aplicados em doses maiores e incorporadas no solo antes da semeadura, enquanto os nutrientes com maior mobilidade, como N, K, Ca, Mg e S devem ser aplicados de forma parcelada. Para o Ca e o Mg, níveis de saturação de bases (V%) entre 75 a 80% tendem a manter níveis satisfatórios de absorção de nutrientes. O parcelamento dos nutrientes depende da quantidade a ser aplicada, tipo de solo, matéria orgânica, fonte utilizada e fatores operacionais. E é importante que as aplicações sejam antecedidas à demanda da planta, para que a necessidade nutricional seja suprida no momento ideal.
Nitrogênio:
O nitrogênio, apesar da grande extração, 204 kg/ha, teve aplicação realizada de N via fertilizante de apenas 44 kg/ ha, ou seja, o solo e resíduos culturais e de adubações anteriores supriram 160 kg/ha de N para o cultivo.
Em solos com alto potencial de N deve-se aplicar até 50 kg de N/ha, pois o restante demandado poderá ser suprido com o solo, resíduos culturais e adubações anteriores. Nota-se importante a realização da análise de solo.
O parcelamento de N, além de manter o equilíbrio de crescimento entre folhas e raízes, visa o maior aproveitamento do nutriente. Então, em lavouras de alta produtividade, é comum aplicação de 30% a 50% de N na semeadura, e o restante, se necessário, em duas coberturas.
Potássio:
A extração total foi de 429 kg de K2O/ha, e, do K extraído, 68,9% (295 kg/ha de K2O) foi alocado nas raízes. Isso indica que em solos corrigidos em K (K disponível entre 80 e 120 mg/dm³) seria necessário fornecer mais 4,94 kg de K2O por tonelada de cenoura produzida (ou 8,49 kg/t de KCl).
A adubação potássica deve ser aplicada até 25% na semeadura, e o restante parcelado de três a seis aplicações ao longo do ciclo (uma aplicação no final do terço inicial do ciclo, uma aplicação no início do terço final do ciclo e as demais no terço médio). É necessário adicionar 20% à quantidade calculada para compensar perdas.
Importante lembrar que é necessário ter cuidado com a interação com Ca e Mg, uma vez que a aplicação inadequada de K pode causar competição entre os nutrientes.
Enxofre, Boro e Zinco:
A extração de S é baixa e considerando a aplicação de superfosfato simples nas áreas de cultivo de cenoura, não se espera respostas positivas a adição desse nutriente.
Os micronutrientes de maior destaque em cenoura são o B e Zn, sendo o acúmulo de 471 g/ha e 211 g/ha, respectivamente.
É interessante elevar o teor de Boro no solo e aplicar no mínimo a quantidade exportada pela colheita (180 g/ha). Importante que essa dose seja via fontes solúveis e bem distribuídas.
O Zn tem dinâmica no solo semelhante ao P, assim, as taxas de recuperação devem situar entre 5 e 10%. Desta forma, a dose indicada em solos argilosos pobres em Zn deve-se situar entre 2 e 4 kg/ha (fonte solúvel) ou entre 3 e 6 kg/ha (oxissulfatos de Zn).
Conclusões - IPACER
1. Os nutrientes mais acumulados pela cenoura foram o K > N > Ca;
2. A maioria dos nutrientes são mais acumulados nas raízes, o que deve ser levado em conta para não haver empobrecimento do solo com as colheitas;
3. A variedade SV7390DT apresentou índice de colheita de matéria seca de 65% que pode ser melhorado com a adequação da relação N: K.
4. O acúmulo de nutrientes, em especial de N e K é intenso com o início do crescimento radial das raízes, no início de segundo terço do ciclo. Assim, antecedendo o segundo terço do ciclo e até o início do último terço é importante fornecer boa parte da adubação de cobertura, especialmente com K.
5. Adubar no máximo 50 kg/ha de N em solos com alto residual do nutriente;
6. Aplicar de forma parcelada 4,94 kg de K2O/tonelada de cenoura em solos de alta fertilidade.
Fontes
1. IPACER - Instituto de Pesquisa Agrícola do Cerrado. 2019. Curva de acúmulo de nutrientes para cultura da cenoura, variedade SV7390DT – Safra 2019. Rio Paranaíba, MG.
2. Alvarez, V. H.; Guimarães, P. T. G.; Ribeiro, A. C. 1999. Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais. CFSEMG. Viçosa, MG.
Para informações agronômicas adicionais, entre em contato com seu representante de sementes local. Desenvolvido em parceria com o departamento de Tecnologia, Desenvolvimento, e Agronomia pela Bayer
Em todas as resistências foram utilizados os nomes científicos das doenças e pragas. Para mais informações sobre nome popular, sintomas, danos econômicos e presença da doença/praga na sua região consulte técnicos locais. Todas as informações sobre os híbridos/variedades e seu desempenho, fornecidas oralmente ou por escrito pela D&PL do Brasil LTDA. (produtos com a marca Seminis), seus funcionários ou representantes, são dadas de boa fé e não como garantia da D&PL do Brasil LTDA. quanto ao desempenho dos híbridos vendidos. O desempenho pode depender de condições climáticas, de solo, de manejo e outros fatores. A agressividade de doenças e pragas é altamente influenciada por condições ambientais, histórico da área e pela variabilidade biológica, exigindo um manejo integrado que considere diferentes medidas e ações. A resistência genética é apenas uma ferramenta dentro deste contexto.