• A demanda de nutrientes é influenciada por fatores como cultivares e condições de clima e de solo.
• O conhecimento da demanda versus as quantidades disponíveis no solo permite estimar a necessidade de fertilizações.
• O entendimento do padrão de absorção ao longo do ciclo é importante para a proposição do manejo correto e alcance da maior produtividade.
A curva de absorção
A demanda de nutrientes é influenciada por fatores como cultivares e condições de clima e solo onde as plantas são cultivadas. Este Manejo em Foco tem como objetivo expor o trabalho realizado para quantificar a extração (demanda) de nutrientes nas condições de campo. É importante o conhecimento da demanda, que confrontada com as quantidades disponíveis no solo permitem estimar a necessidade ou não de fertilizações.
Além da demanda, conhecer a curva de absorção é importante. Isso porque a curva de absorção permite ao agricultor/técnico escolher a melhor época e doses dos fertilizantes a serem aplicados. Assim, são aplicadas doses condizentes com a extração da cultura em determinado intervalo de tempo, minimizando perdas no sistema solo-planta-atmosfera e desequilíbrios iônicos no solo. O entendimento do padrão de absorção ao longo do ciclo dos nutrientes por novas cultivares é importante para a proposição do melhor manejo da adubação e alcance da maior produtividade.
Metodologia
A variedade Akamaru foi semeada em 21/07/2018, com layout de quatro fileiras duplas por canteiro de 1,75 metros de largura e colhida em 09/11/2018.
As amostragens foram realizadas em área de cultivo da Estação Experimental do Instituto de Pesquisa Agrícola do Cerrado (IPACER) no município de Rio Paranaíba – MG, com altitude de 1.050 m.
A extração de nutrientes foi determinada pelo produto entre a produção de matéria seca e os teores dos nutrientes no tecido vegetal. As curvas de absorção foram geradas plotando-se o conteúdo de nutrientes nas folhas, caule e inflorescência em cada época de amostragem para cada nutriente.
Resultados e observações
A cebola Akamaru atingiu 102,8 t/ha de bulbos com a população final de 913 mil plantas por ha, informações que podem ser consideradas para adequação de época de semeadura, pois a variedade apresentou produtividade de bulbos com romaneio concentrado nas classes de maior valor comercial (Tabela 1) e o índice de colheita de matéria seca (78%) elevados. É possível que estes índices respondam positivamente com redução da população.
O acúmulo de nutrientes foi associado ao teor de matéria seca e se intensificou aos 84 DAS, fase de formação de bulbos e expansão dos mesmos, em que a planta estava com 7 a 8 folhas (Figura 1).
A relação N: K2O para o híbrido Akamaru foi de 1: 0,56 e as extrações relativas de N, P2O5 e K2O (kg de nutriente por tonelada produzida de cebola) foram 3,59; 0,57 e 2,01 kg/tonelada, respectivamente.
Os nutrientes mais acumulados em ordem de importância, foram N, K e Ca.
Os nutrientes pouco móveis, como P, Cu e Zn devem ser aplicados em doses maiores e incorporadas no solo antes da semeadura, enquanto os nutrientes com maior mobilidade, como N, K, Ca, Mg e S devem ser aplicados de forma parcelada. Para o Ca e o Mg, níveis de saturação de bases (V%) entre 70 a 80% tendem a manter níveis satisfatórios de absorção de nutrientes.
O parcelamento dos nutrientes depende da quantidade a ser aplicada, tipo de solo, matéria orgânica, fonte utilizada e fatores operacionais. E é importante que as aplicações sejam antecedidas à demanda da planta, para que a necessidade nutricional seja suprida no momento ideal.
Nitrogênio:
A extração total foi de 388,09 kg de N/ha. É necessário atentar-se a demanda relativa de N que ficou em 3,59 kg/tonelada, enquanto no geral as variedades de cebola apresentam extração relativa entre 1,8 e 3,1 kg/tonelada. Em condições de cultivos que possibilitem maior população a demanda de N possivelmente deverá aumentar, assim como uma menor população levará à necessidade de menores doses. O parcelamento de N visa o maior aproveitamento do nutriente. Então, em lavouras de alta produtividade, é comum aplicação de 30% de N na semeadura e o restante quando a planta apresentar 8 e 10 folhas funcionais. Exigindo parcelamentos maiores, respeitando condições específicas de solo, clima e regiões.
Potássio:
A extração total foi de 218,03 kg de K2O/ha. A adubação potássica deve ser aplicada até 30% na semeadura e o restante parcelado em duas aplicações ao longo do ciclo. É necessário adicionar 20% à quantidade calculada para compensar perdas. Importante lembrar que é necessário ter cuidado com a interação com Ca e Mg, uma vez que a aplicação inadequada de K pode causar competição entre os nutrientes.
Fósforo:
A extração total foi de 61,99 kg de P2O5/ha. É crítico na fase inicial devido ao baixo volume de solo explorado e mais acumulado no momento da bulbificação.
Em cultivos irrigados por gotejamento há possibilidade de resposta às fertirrigações com P, e por aspersão a estratégia principal é a elevação das doses de P incorporadas no canteiro por ocasião da semeadura para garantir satisfatória disponibilidade à cebola até final do ciclo.
Boro:
Aplicar 2 a 3 kg de B/ha em solos já corrigidos, e 2 a 4 kg de B/ha incorporados até 30 cm em solos com baixa fertilidade. A aplicação de fertilizantes formulados com B e Zn na adubação básica já é amplamente adotada pela grande maioria dos agricultores.
Zinco:
Aplicar 2,4 a 4,8 kg de Zn/ha na semeadura (maiores doses em solos argilosos), quando os níveis se mostrarem limitantes.
Conclusões - IPACER
1. Os nutrientes mais acumulados pela cebola foram o N > K > Ca;
2. A maioria dos nutrientes são mais acumulados nos bulbos, o que deve ser levado em conta para não haver empobrecimento do solo com as colheitas;
3. O acúmulo de nutrientes, em especial de N e de K é intenso com início de formação dos bulbos. Assim, antecedendo essa fase e até o surgimento dos bulbos classe 02 é importante fornecer boa parte da adubação de cobertura, especialmente com N e K;
4. As adubações nitrogenadas e potássicas (para solos pobres em K) podem ser baseadas na produtividade e aplicando 3,59 e 2,01 kg de N e K2O por tonelada de cebola Akamaru, respectivamente. Para solos ricos em K a adubação potássica pode ser baseada em 1,35 kg de K2O por tonelada de cebola Akamaru.
Fontes
1. IPACER - Instituto de Pesquisa Agrícola do Cerrado. 2018. Curva de acúmulo de nutrientes para cultura da cebola, variedade Akamaru – Safra 2018. Rio Paranaíba, MG.
2. Alvarez, V. H.; Guimarães, P. T. G.; Ribeiro, A. C. 1999. Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais. CFSEMG. Viçosa, MG.
3. Nick, C.; Borém, A. 2018. Cebola do plantio à colheita. UFV. Viçosa, MG.
Em todas as resistências foram utilizados os nomes científicos das doenças e pragas. Para mais informações sobre nome popular, sintomas, danos econômicos e presença da doença/praga na sua região consulte técnicos locais. Todas as informações sobre os híbridos/variedades e seu desempenho, fornecidas oralmente ou por escrito pela D&PL do Brasil LTDA. (produtos com a marca Seminis), seus funcionários ou representantes, são dadas de boa fé e não como garantia da D&PL do Brasil LTDA. quanto ao desempenho dos híbridos vendidos. O desempenho pode depender de condições climáticas, de solo, de manejo e outros fatores. A agressividade de doenças e pragas é altamente influenciada por condições ambientais, histórico da área e pela variabilidade biológica, exigindo um manejo integrado que considere diferentes medidas e ações. A resistência genética é apenas uma ferramenta dentro deste contexto.